Como cuidar dos fios após transplante capilar? Acabe com essa e outras dúvidas

Cada vez  mais as pessoas têm buscado procedimentos para driblar a calvície, ou alopecia, e uma delas é o transplante capilar. Prova disso são as pesquisas realizadas por entidades como a International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS), que apontou um crescimento mundial de 152% nesse tipo de método entre 2010 e 2021. 

Mas o que é essa técnica e como os profissionais de beleza devem trabalhar com os clientes que submeteram-se a ela? Saiba a resposta a essas e outras perguntas dadas pelos cirurgiões plásticos Diogo Coimbra e Carlos Camilo, especialistas em transplante capilar e membros da Brazilian Association of Plastic Surgeons (BAPS).

O que é o transplante capilar?

Basicamente, consiste na retirada de unidades foliculares (raízes dos cabelos) de uma região da cabeça, denominada área doadora, para serem transplantadas em outras.

Só homens se submetem ao procedimento?
Apesar de o segmento masculino ser o principal impulsionador da técnica (representou mais de 79% de casos em 2022), mulheres podem passar por  transplante capilar.

A técnica pode ser aplicada em outras áreas?
Sim, o transplante capilar também é usado para restaurar e/ou aumentar a densidade capilar de barba e sobrancelhas, reduzir o tamanho da testa ou mesmo reparar sequelas de procedimentos prévios, como cicatrizes de lifting facial ou resultados insatisfatórios de outros transplantes capilares.

Como o transplante capilar é feito?
Há dois tipos: FUT (sigla em inglês para Transplante de Unidade Folicular) e FUE (Extração de Unidade Folicular, em inglês), este com 61% de participação no mercado de transplante capilar. A diferença entre as técnicas está na forma como as unidades foliculares são coletadas. Na FUE, elas são extraídas individualmente por meio de microincisões, já na FUT é retirada uma faixa de pele da área doadora, geralmente das laterais e posterior da cabeça. As duas técnicas são boas, mas a primeira causa cicatrizes puntiformes, praticamente imperceptíveis, o que permite até o uso de cabelo raspado estilo militar, ao contrário da segunda, cuja cicatriz é linear. Às vezes, FUE e FUT podem ser utilizadas juntas.

Como os cabeleireiros/barbeiros devem cuidar de clientes que passaram por um desses procedimentos?

Logo no dia seguinte à cirurgia, o paciente retorna à clínica para fazer a primeira limpeza e ser orientado de todo o processo de cuidados. Por um período de uma semana existem alguns cuidados no momento de lavar a área operada. Após esta primeira semana retornam as rotinas normais de cuidados com os cabelos que o paciente já mantinha, sendo orientado a usar xampu neutros. Normalmente, após 15 a 20 dias, a pessoa já pode retornar ao seu cabeleireiro/barbeiro para cortes de cabelo. A recomendação aos profissionais é escolher um corte que valorize os novos cabelos que vão passar a nascer e crescer, usando fios mais longos, ao redor de 7 cm.

Qualquer pessoa pode se submeter ao método?
Assim como em qualquer tipo de medicina, as técnicas de transplante capilar têm indicações e contraindicações e devem ser escolhidas de acordo com as características e necessidades da pessoa. É essencial um diagnóstico adequado e uma profunda discussão entre médico e paciente para alinhar as possibilidades do procedimento com as expectativas.

O efeito é mais natural ou artificial?
Os resultados do transplante capilar são naturais, desde que o procedimento seja realizado por um profissional certificado e experiente. Após o transplante, que é realizado folículo a folículo seguindo a angulação e a distribuição natural dos fios, os cabelos saem com a mesma cor, textura e velocidade de crescimento da área em que foram retirados.

Há risco de rejeição?
Não,  pois as unidades foliculares utilizadas são da própria pessoa e os resultados são permanentes, uma vez que o procedimento é feito com unidades foliculares que não possuem a genética da calvície.

Quanto tempo leva para ver o resultado?
Cerca de um ano após a cirurgia. É comum que, depois do transplante, os fios transplantados caiam, mas eles voltam a crescer de maneira definitiva cerca de três ou quatros meses do procedimento, com o resultado evoluindo até chegar no ápice em um ano.

E o pós-operatório?
É tranquilo, sem dor, e, na maioria dos casos, o paciente retorna às atividades rotineiras após dois dias, sendo importante evitar a exposição direta à luz solar e o atrito na região operada.

O transplante acaba com a queda dos cabelos?
Considerando que a calvície não tem cura, mas pode ser controlada, é importante que os pacientes tenham cuidados clínicos para calvície em paralelo ao transplante capilar, evitando que a alopecia continue a evoluir nos fios não transplantados. Mesmo em casos de calvície em estágio inicial,  quando o transplante pode ainda não ser indicado, a pessoa já deverá fazer o tratamento clínico para conter o avanço do problema.

Agradecimento: Pedro Del Claro e equipe Holding  Comunicações