Conheça a inspiradora história de Claude Juillard, criador do Visagismo 3-D

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Parece mágica, mas é Visagismo 3-D, método criado pelo francês Claude Juillard, que mergulha nos desejos inconscientes da clientela para criar visuais personalizados. Saiba tudo a seguir.

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O hairstylist francês Claude Juillard

 

Deixe um pouco de lado o rigor geométrico do visagismo tradicional e volte o olhar para as pessoas, seu estilo, seus sentimentos e humor. Você não tem de criar cortes e penteados apenas para anular traços físicos, mas sim com o intuito de satisfazer as vontades da cliente. Estude o ser humano, avalie seus gestos, esteja aberto a conhecer quem se senta na sua cadeira de um jeito mais profundo…

Essas são lições transmitidas por Claude Juillard, cabeleireiro francês que desenvolveu o Visagismo 3-D. Sua técnica não funciona como uma ciência exata, não determina que o tipo de franja X tem de ser usada no rosto de formato Y. Tampouco diz que a cliente tem apenas tal personalidade. Na opinião do hairstylist, cada ser é único e vive em constante mutação. A mesma mulher que hoje quer disfarçar o nariz, amanhã pode ter vontade de deixá-lo em evidência. O propósito do método é elaborar um visual personalizado, que atenda aos desejos de uma pessoa naquele instante, e propor vários looks para as mais distintas ocasiões. É harmonizar, ou seja, minimizar características do rosto, ou produzir um efeito de caráter em que tais atributos são exibidos sem medo. Sim, os visagistas formados pelo expert consideram moda, procedimentos, comportamento, mas seu principal farol é a emoção e a espontaneidade.

“Sou um extraterrestre”, brinca o francês. Juillard parece mesmo não pertencer a este planeta. Afinal, ele criou uma vida própria na beauté, um mundo em que sonhos são realizados por meio de uma profunda conexão entre cabeleireiro e cliente. Mergulhe, a seguir, no universo de Claude.

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SORTE
“No início, queria ser ator ou fazer pintura e desenho. Sempre fui apaixonado pelas questões espirituais e, em função do destino, comecei a estudar Belas Artes e Teatro em Estrasburgo. Mas o acaso atuou de novo e me levou para a coiffure.”

FRUSTRAÇÃO
“Como estava no universo das Belas Artes e do Teatro, achava que a coiffure também era um métier superartástico. Mas no primeiro dia em que entrei numa escola de cabeleireiro, fiquei completamente decepcionado. Eles me mostraram uma cabeça, eu deveria trabalhar nela, aplicar as técnicas, fazer boucles, cortar… Pensei: então é isso?”

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Em demonstração prática, Claude exibe os pontos de harmonia e caráter do modelo

 

REGRAS
“Aprendi na escola que quando uma cliente chegava ao salão, eu deveria sentá-la na frente do espelho, colocar-lhe uma capa, perguntar o que ela gostaria de fazer e mandá-la para o lavatário. Fazia isso e tinha uma cena horrível na minha frente: uma pessoa camuflada sob um penhoar, com o cabelo molhado. Péssimo.”

INQUIETAÇÃO
“Logo comecei a me questionar por que era preciso esconder a pessoa debaixo de uma capa. Por que molhar um cabelo para compreendê-lo? Eu me perguntava isso o tempo todo, ficava atordoado. Foi uma grande tristeza descobrir que a profissão que havia escolhido era assim.”

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Claude em ação, durante aula para profissionais na Academia L’Oréal, em São Paulo

 

PERSEVERANÇA
“Fui trabalhar em salão. Atendia a semana inteira e na sexta-feira viajava pela França atrás de cursos. Aprendi massagem corporal, drenagem linfática, estudei sobre as energias do corpo e fui gostando da profissão de cabeleireiro.”

ESSÊNCIA
“Ser cabeleireiro é energia. O cabelo está para o ser humano como as folhas para uma árvore. Ele diz nosso estado de saúde, mostra aquilo que queremos passar para os outros. Imagem de cor, de juventude, de velhice, de reação, de sedução. A cliente não compra uma técnica, ela compra resultado, uma imagem no espelho.”

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Em cada workshop, além da teoria, os alunos treinam as lições passadas pelo mestre

 

PERCEPÇÃO
“Insisti em ser cabeleireiro: trabalhei em um salão, depois abri meu próprio espaço, estudei, busquei informações em diversas áreas afins… Até que, um dia, me tornei educador e de novo vi que faltava alguma coisa. Ensinava os alunos a compreender que o cabelo é como uma roupa que cai de diversas maneiras em diferentes corpos. O corte tem de casar com o rosto.”

CONCLUSÕES
“Percebi que aquilo que o cabeleireiro ama não é, necessariamente, do que a cliente gosta. Então criei meu método de visagismo-conselho. Parti do visagismo puro, da relação entre cabelo e rosto, cabelo e corpo, cabelo e cor. Também me baseei, evidentemente, em tudo o que aprendi nas artes plásticas, na geometria, na arquitetura. Existem zonas em que podemos colocar ou diminuir o volume para minimizar um maxilar, um nariz. Isso é regra, é fácil. Depois vem o mais difícil: entrar na cabeça da cliente. Porque ela também tem suas diretrizes – inconscientes. E quando a gente pede que fale o que deseja, ela não consegue. Logo, fazê-la falar não é suficiente.”

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OBSERVAÇÃO
“Criei um método de diagnóstico pela comunicação, baseado no gestual da pessoa, na maneira como ela arruma seus cabelos. Escrevi um dicionário sobre linguagem não verbal e inconsciente. Os gestos sempre falam a verdade. Nas atitudes de uma cliente, a gente vê seus sonhos de textura, volume, comprimento, de produto e até seu medo. É um livro aberto.”

VISAGISMO 3-D
“Hoje em dia, quando se fala em visagismo, logo se pensa em harmonizar. Mas o método que ensino vai além e inclui o caráter, ou seja, também pode evidenciar os traços do rosto. Mostro como equilibrar ou acentuar, de acordo com aquilo que a pessoa deseja. Até porque não dá para harmonizar todo mundo. O profissional não tem de ser um ditador. A cliente tem o direito de possuir seu próprio estilo.”

 

Texto: Cristiane Dantas (edição para web: Patricia Santos)
Fotos: Gustavo Morita

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